sexta-feira, 28 de julho de 2017

Uma geração perdida

Esses dias estava conversando com um aluno sobre diversos assuntos. Lá pelas tantas começamos a falar de política. Fiquei impressionado como até a fisionomia do jovem mudou. De sorridente e brincalhão passou a sério e com ar ameaçador.



"Democracia só é bom até um certo ponto", "Bolsonaro quis dizer que Maria do Rosário é feia e por isso não merece ser estuprada", "perguntei aos mais velhos e eles disseram que a ditadura não foi ruim", "Bolsonaro irá liberar para as pessoas terem armas em casa", etc foram algumas das frases proferidas pelo jovem que sequer é militante de alguma organização politica.

A primeira coisa que pensei depois da conversa é: como é mais fácil para os fascistas usarem as redes sociais como deformação política desses jovens. Os bolsonaristas não precisam ter (e não têm) nenhum apego a verdade, aos fatos. Basta usar o sentimento de insegurança que a sociedade tem hoje em dia e criar uma frase de efeito. Pronto. A galera sai repetindo feito papagaio.

Em seguida, comecei a analisar as frases. Juntei a relativização da democracia com a opinião dos "mais velhos" e vemos ali a falta de leitura, de estudo e de interesse pela verdade. Afinal, existe a tese, a antítese e a síntese e ele não chegou na última pois admitiu a tese de duas ou três pessoas como fato. 

Sobre a questão das armas de fogo, há duas coisas: a primeira é que eles não acham muito pouco ter um governo cuja única proposta é "liberar a arma de fogo para o cidadão". A segunda é que eles não se importam com o que dizem os estudos. Por exemplo, boa parte das mortes por arma de fogo nos EUA são provocadas por crianças entre 1 e 2 anos.

Por fim, a relativização do estupro. O que o jovem acabou dizendo em sua defesa do deputado neonazista é que mulher bonita merece ser estuprada, que, de acordo com a beleza, as mulheres são estupráveis ou não. Ou seja, o jovem para ter uma arma de fogo em casa aceita até a apologia ao estupro feita, mais de uma vez, pelo nefasto deputado de 2 projetos aprovados em 26 anos de mandatos.

Essa geração está perdida, vivendo vidas virtuais, amando menos e vibrando mais com a violência cotidiana, chegando ao ponto de comemorar um tapa na cara dado por um jovem em sua namorada em um filme. Estão prontos a escolher o que há de pior desde que o discurso de vingança os satisfaça. O futuro é sombrio.

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